quarta-feira, 11 de abril de 2018

NO CAMINHO DOS SESSENTA III


Sempre amei a noite
e detestei as manhãs.
A lua jamais agride
a alma que se irmana
à sua magia louçã.

Eu amo a penumbra

e rejeito a claridade.
A sombra acolhe a dor
feito um manto lanoso
no colo de uma madre.

Prefiro o mistério

ao veredito imposto.
O mundo veio comigo
e comigo se esvai
sem revelar seu rosto.

Quis tudo conhecer,

travei a luta inglória.
Tomado pela febre,
medi o pulso do cânone,
provei da fama ilusória.

Não faz tempo descobri:

perdi a validade.
Nem livro, nem saber,
tampouco a luz da arte
têm lugar na sociedade.






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