segunda-feira, 30 de novembro de 2015

BORBOLETAS BAIANAS


Tomo conhecimento das borboletas baianas.
Não das que vejo nos jardins, mas daquelas que voejam em casamentos.
Nossas borboletas fazem sucesso em casórios Brasil afora.
Viajam de avião, em caixinhas com furos para ventilação.
As borboletas são exigência de noivas românticas.
Querem com elas embelezar suas histórias de amor.
Mas são caras nossas borboletas, muito caras.
Precisam ser contadas para o devido pagamento.
Para tanto, colocam as caixas por um tempinho em geladeiras.
É que assim as borboletas desmaiam.
E é possível fazer a contagem, business is business.
As caixas são levadas ao pé do altar, onde quer que esteja.
E lá aguardam pelo grande momento, as sobreviventes.
Na saída do novo casal, as borboletas são soltas.
Mas estão fragilizadas, tontas, quase mortas.
Então as cerimonialistas dão o último toque ao show.
Batem nas caixas para espantar as borboletas.
Que se projetam no ar em último arquejo de vida.
Para morrer em seguida em pleno voo.
Ou onde pousarem.
Depois de obterem o aplauso da plateia.
E ares de extremo contentamento dos nubentes.
Aquele batalhão de borboletas baianas.
Borboletas que viajaram de avião e desmaiaram no gelo.
Em suas curtas vidas de tortura e horror.
Para beleza e glória do amor.
Do amor?

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