terça-feira, 23 de julho de 2013

DOMINGUINHOS, MEU PARCEIRO


Descansou, como se diz no sertão.

Conheci o José Domingos de Moraes em Brasília, por volta de 1992 ou 93, não sei precisar. Trabalhava na Comunicação Social de um banco público e o Dominguinhos foi lá apresentar seu projeto "Asa Branca". Era assim o herdeiro de seo Gonzaga: queria cantar a música nordestina em praça pública, em tudo que é cidade, e arrastar consigo seus amigos artistas pelo prazer de cantar pro povo. O patrocínio foi concedido e o Asa Branca rodou o país.

Um dia ele me falou da carência de letristas. Então eu disse que talvez tivesse alguma coisa que servisse (àquela época, eu havia deixado para trás minha vida de compositor e cantor em festivais no interior e nas mostras de som do meio universitário).

Revirei minhas pastas de escritos, produzi algo novo. E mandei pra ele em São Paulo. E foi só isso.

Um ano ou mais se passou até receber um telefonema dele: tinha uma surpresa pra mim. E a surpresa me foi entregue por Codó, seu empresário: um cd e um LP, com dedicatórias, do novo disco "Nas quebradas do sertão". E lá estava "Brincadeiras de rua", com meu nome depois do dele, os autores. Foi um dia longo, arrepiado, até chegar em casa e ouvir aquela ciranda belíssima, com um arranjo impecável de flauta na introdução e a sanfona segura e brilhante de Dominguinhos a conduzir a melodia. Houve outra canção em parceria, "Santinha", igualmente bela sendo mais delicada, mas essa ele não chegou a gravar (foi gravada por Flávio Carvalho nos anos 1990 e por Serginha nos anos 2000).

Descansou, enfim. Ficam a saudade, a honra de ter sido seu parceiro e o compromisso de manter viva sua música, divulgando-a e ouvindo-a sempre. Sujeito arretado de bom e generoso, maravilhoso artista, sertanejo firme e afetuoso.    


Imagem: Bol Fotos

Um comentário:

  1. Uma linda homenagem amado. Veja a música de vocês aqui: http://www.youtube.com/watch?v=uWTa11cn0Zs

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