sexta-feira, 17 de agosto de 2012

LIBERDADE, de JONATHAN FRANZEN




Meu exemplar tem outra capa, edição econômica. Talvez pese menos, ou mais, por conta do papel utilizado. Mas rende boa leitura, de qualquer modo. O jornal francês Libération, o Libé, saúda "Liberdade" como "verdadeiro romance do século XXI, um dos primeiros". E eu digo que foi um dos melhores que li nos últimos anos, à altura de "O museu da inocência", do Orhan Pamuk.

Franzen centra sua narrativa na formação e posterior desagregação de uma família mediana norte-americana. Não há muito mais que dizer, depois dessa frase. Só mesmo lendo o livro, para aproveitar os mergulhos quase incontroláveis que o autor permite aos personagens em seu cotidiano. O desdobramento das atitudes, no maior número de planos possível (interior, com o outro amante, amicial, familiar, social, laborativo, artístico), como se o ser humano contemporâneo lutasse permanentemente para escapar de jaulas, zoológicos, áreas de proteção ambiental cada vez mais frágeis. Estertores familiares, amorosos e ideológicos; tentativas de empreendedorismo juvenil, sexo com amor, diversão e ódio dominador, a vida como os volteios de um florete, prestes a nos atingir o peito. A traição sonhada e praticada, em vias múltiplas, no mais das vezes sem um sentido claro.

Fuga e posse. Diante delas, o que seria a liberdade? Franzen elogia Alice Munro por não desistir nunca das possibilidades de uma cena, de esticar a narrativa a não mais poder, de tensionar ao máximo os movimentos do personagem - e recomenda isso aos prosadores, praticando, por sua parte, com mestria. Gostei muito de ler este romance do Franzen.

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