sábado, 28 de maio de 2011

O MUSEU DA INOCÊNCIA, ORHAN PAMUK


Não há tema esgotado em literatura. "O museu da inocência", de Orhan Pamuk, lançado aqui recentemente pela Companhia das Letras, explora com vigor e profundidade o amor como razão de viver. De como pode ser grandioso o amor vivido em sexo e em sua ausência. De como é inútil lutar contra essa potência íntima. Por oito anos e dez meses, Kemal jantou quase todos os dias com a família de sua amada Füsun, então casada com outro. E voltaria àquela casa outros tantos anos, se necessário, para tê-la novamente, mesmo que por um dia. E, por não tê-la, reunia objetos usados ou tocados por ela em um lugar especial para ambos. A esse lugar chamou de "Museu da inocência". Um amor que não permitiu germinar nenhum outro sentimento entre ele e sua amada. Kemal viveu para amar Füsun, algo que contemporaneamente parece escapar ao senso comum como possibilidade real, um romantismo extemporâneo, mas crível. Kemal é um personagem da linhagem do Werther, de Goethe, do arquiteto de "Um amor", de Dino Buzatti. O texto, também. Belo romance, emocionante, verdadeiro.

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